Amigos (antigos e novos), comentadores, críticos, apoiantes e leitores desconhecidos:
Esta Porta fecha-se hoje. Não há razões de fundo nem dramas pungentes, apenas o fim de um ciclo natural. Foram mais de dois anos e meio de puro prazer, esta aventura blogosférica que nunca pensei levar tão longe como acabou por acontecer. Não vou desaparecer. Encontramo-nos por aí, nas caixas de comentários e no Delito de Opinião, onde continuarei a receber-vos com muito gosto para a cavaqueira de sempre. Agradeço a todos os que tiveram a paciência de aqui passar - regularmente ou só de vez em quando - e até aos incautos que aqui caíram sem querer. De todos se fez esta casa cheia, que já ultrapassou o incrível número de 180.000 visitas!
Mas permitam-me que deixe um “obrigada” especial aos meus parceiros de blogue, que aceitaram generosamente o meu convite, entraram por esta Porta aberta e se instalaram, trazendo um inestimável valor acrescentado. Agradeço a todos, do fundo do coração, este tempo lúdico e rico de amizade, cumplicidade e coesão que foi a segunda fase da Porta do Vento. Foi uma experiência óptima para mim. Quem sabe se a repetiremos um dia, nos mesmos ou noutros moldes? Vai-se o blogue, mas fica a amizade que ele gerou e desenvolveu entre nós.
Querida Luísa, os seus jantares de domingo foram um must de requinte, sabedoria e boa escrita. E mal sabíamos nós que ainda havia outros talentos na manga… Obrigada.
Querida Rita, os teus posts provocatórios e originais bateram todos os recordes de comentários, como se esperava. Uma animação e um debate de luxo. Obrigada.
Querida Marie, os teus pockets foram um precioso ensinamento e todos nos sentimos bilionários por te termos como professora bem humorada de literatura clássica. Obrigada.
Querido Pedro, os teus observatórios fizeram história e deram luta. Foste o primeiro voo desta Porta fora de portas, uma experiência muito especial. Obrigada.
Querido Jab, a sua passagem por aqui foi fugaz mas marcante. O improvável jogador provou, afinal, ser um poço de talento na arte de jogar. Obrigada.
Querido João Paulo, o teu humor corrosivo (de que sempre fui e continuo a ser fã), foi uma lufada de ar fresco e de juventude neste blogue. A irreverência é uma qualidade que aprecio. Obrigada.
Querido Manecas, a ternura e bondade de que és feito transpareceram em cada memória, em cada sugestão musical, em cada palavra tua. És um amigo precioso. Obrigada.
Querido João, os fantásticos vizinhos que nos trouxeram os seus moleskines enriqueceram-nos imenso e fizeram-nos sentir como é bom pertencer a um bairro de gente verdadeira, de carne e osso. Obrigada.
Aqui ficam algumas mensagens que deles recebi e convosco partilho: Querida Ana e queridos Portistas:
Gostei da experiência blogosférica, mas adorei, sobretudo, o que ela me proporcionou para além da blogosfera. Por isso, acho uma excelente ideia um jantar de Natal. Em qualquer circunstância, o facto de todos nos mantermos bloggers (como é que é, Marie?), assegura-nos notícias regulares sobre as nossas vidas. Um beijinho para todos e - portanto - até logo?... ;-D
Querida Ana:
diverti-me imenso durante o tempo em que colaborei na Porta e fiz grandes amigos. Os que ainda não fiz e conheço de lá, sinto que ainda virei a fazer. Foste sempre uma anfitriã de grande classe e atenta a todos, visitantes e colaboradores, deixaste a tua marca. A ti, devo também o teres-me introduzido neste mundo divertido e variado, cheio de surpresas. Obrigada a ti, em particular, e a todos os outros, individualmente, pelo prazer que me proporcionaram.
Um abraço apertado a todos!
Querida Ana:
Entrei por esta porta pela tua mão, como um miudo que de boné à banda e mal segurando a sacola de trapos que a mãe alinhavou à lareira na noite anterior, ainda tremia com o receio tremendo do que os senhores professores lhe iam perguntar, dos comentários que iam fazer...
Sentei-me na carteira lá de trás, tirei o meu caderno diário, e lá descobri o lápis com que iria tentar escrever as primeiras linhas. A borracha esteve sempre a meu lado, porque estava convencido que as emendas iriam ser muitas, e os senhores professores não iriam perdoar...
As páginas do caderno às vezes ficaram com aquele buraquinho de tanto apagar. A borracha que guardava no fundo da sacola afinal era de tinta, e não aguentou as emendas do imberbe escritor.
Como um menino do campo, descobri que havia coisas que dizia e que o meu caderno foi revelando, que eram novidade para os professores que tinham vindo da cidade, e por isso as páginas do meu caderno foram ficando mais limpinhas à medida que a minha memória foi retomando as azinhagas da minha infancia.
Entretanto a Diolinda já foi embora, mas ao deixar a minha sacola pendurada nas traseiras da tua porta, sei que nunca te poderei agradecer a possibilidade que me deste de lhe ter deixado a primeira página do meu caderno diário.
Muito obrigado por tudo, e sobretudo pelo laço eterno na nossa amizade.
Muitos beijinhos e até à próxima!
Manecas
Querida amiga ventosa,
Há pouco mais de um ano transpus uma porta do vento para me lançar na vida dos blogues. Se tenho um blogue a si o devo – por aquilo que me mostrou e por aquilo que me ensinou. No porta do vento, ainda, agarrei-me a um moleskine para tentar contar histórias de um bairro imaginário; fi-lo agrilhoado a algo que me fez muito bem e que, como sabe, me é difícil: ser sintético, criar uma história em quinhentas palavras. Por último, mas não menos importante, foi através da porta do vento que tivemos, todos, um blind date, cujo sucesso não sofrerá as intermitências da morte. Faça o favor de ser feliz e de se manter por aí, pela blogosfera. Com nosco ou sem nosco. E faça o favor de ser feliz.
Obrigado e um beijo,
A solo ou em grupo, eu volto um dia destes. É uma promessa. Até sempre! E já agora... Feliz Natal para todos, e que o novo ano vos traga boas notícias. Adenda: Por mais que me comovam as mensagens que recebi dos meus parceiros de blogue, é evidente que elas são, além de bonitas, manifestamente exageradas no que me toca. Peço-vos que as tomem como generosidade de amigos e que me perdoem o gesto (muito pouco modesto, reconheço) de tê-las revelado aqui. Não costumo praticar o auto-elogio, mas não resisti desta vez. Fraquezas.