Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009

Até sempre

 

Amigos (antigos e novos), comentadores, críticos, apoiantes e leitores desconhecidos:

 

Esta Porta fecha-se hoje. Não há razões de fundo nem dramas pungentes, apenas o fim de um ciclo natural. Foram mais de dois anos e meio de puro prazer, esta aventura blogosférica que nunca pensei levar tão longe como acabou por acontecer. Não vou desaparecer. Encontramo-nos por aí, nas caixas de comentários e no Delito de Opinião, onde continuarei a receber-vos com muito gosto para a cavaqueira de sempre. Agradeço a todos os que tiveram a paciência de aqui passar - regularmente ou só de vez em quando - e até aos incautos que aqui caíram sem querer. De todos se fez esta casa cheia, que já ultrapassou o incrível número de 180.000 visitas!

 

Mas permitam-me que deixe um “obrigada” especial aos meus parceiros de blogue, que aceitaram generosamente o meu convite, entraram por esta Porta aberta e se instalaram, trazendo um inestimável valor acrescentado. Agradeço a todos, do fundo do coração, este tempo lúdico e rico de amizade, cumplicidade e coesão que foi a segunda fase da Porta do Vento. Foi uma experiência óptima para mim. Quem sabe se a repetiremos um dia, nos mesmos ou noutros moldes? Vai-se o blogue, mas fica a amizade que ele gerou e desenvolveu entre nós.

 

Querida Luísa, os seus jantares de domingo foram um must de requinte, sabedoria e boa escrita. E mal sabíamos nós que ainda havia outros talentos na manga… Obrigada.

 

Querida Rita, os teus posts provocatórios e originais bateram todos os recordes de comentários, como se esperava. Uma animação e um debate de luxo. Obrigada.

 

Querida Marie, os teus pockets foram um precioso ensinamento e todos nos sentimos bilionários por te termos como professora bem humorada de literatura clássica. Obrigada.

 

Querido Pedro, os teus observatórios fizeram história e deram luta. Foste o primeiro voo desta Porta fora de portas, uma experiência muito especial. Obrigada.

 

Querido Jab, a sua passagem por aqui foi fugaz mas marcante. O improvável jogador provou, afinal, ser um poço de talento na arte de jogar. Obrigada.

 

Querido João Paulo, o teu humor corrosivo (de que sempre fui e continuo a ser fã), foi uma lufada de ar fresco e de juventude neste blogue. A irreverência é uma qualidade que aprecio. Obrigada.

 

Querido Manecas, a ternura e bondade de que és feito transpareceram em cada memória, em cada sugestão musical, em cada palavra tua. És um amigo precioso. Obrigada.

 

Querido João, os fantásticos vizinhos que nos trouxeram os seus moleskines enriqueceram-nos imenso e fizeram-nos sentir como é bom pertencer a um bairro de gente verdadeira, de carne e osso. Obrigada.

 

Aqui ficam algumas mensagens que deles recebi e convosco partilho:

 

Querida Ana e queridos Portistas:

 

Gostei da experiência blogosférica, mas adorei, sobretudo, o que ela me proporcionou para além da blogosfera. Por isso, acho uma excelente ideia um jantar de Natal. Em qualquer circunstância, o facto de todos nos mantermos bloggers (como é que é, Marie?), assegura-nos notícias regulares sobre as nossas vidas. Um beijinho para todos e - portanto - até logo?... ;-D

Luísa

 

Querida Ana:

 

diverti-me imenso durante o tempo em que colaborei na Porta e fiz grandes amigos. Os que ainda não fiz e conheço de lá, sinto que ainda virei a fazer. Foste sempre uma anfitriã de grande classe e atenta a todos, visitantes e colaboradores, deixaste a tua marca. A ti, devo também o teres-me introduzido neste mundo divertido e variado, cheio de surpresas. Obrigada a ti, em particular, e a todos os outros, individualmente, pelo prazer que me proporcionaram.

Um abraço apertado a todos!

Rita

 

Querida Ana:
 
Entrei por esta porta pela tua mão, como um miudo que de boné à banda e mal segurando a sacola de trapos que a mãe alinhavou à lareira na noite anterior, ainda tremia com o receio tremendo do que os senhores professores lhe iam perguntar, dos comentários que iam fazer...
 
Sentei-me na carteira lá de trás, tirei o meu caderno diário, e lá descobri o lápis com que iria tentar escrever as primeiras linhas. A borracha esteve sempre a meu lado, porque estava convencido que as emendas iriam ser muitas, e os senhores professores não iriam perdoar...
 
As páginas do caderno às vezes ficaram com aquele buraquinho de tanto apagar. A borracha que guardava no fundo da sacola afinal era de tinta, e não aguentou as emendas do imberbe escritor.
 
Como um menino do campo, descobri que havia coisas que dizia e que o meu caderno foi revelando, que eram novidade para os professores que tinham vindo da cidade, e por isso as páginas do meu caderno foram ficando mais limpinhas à medida que a minha memória foi retomando as azinhagas da minha infancia.
 
Entretanto a Diolinda já foi embora, mas ao deixar a minha sacola pendurada nas traseiras da tua porta, sei que nunca te poderei agradecer a possibilidade que me deste de lhe ter deixado a primeira página do meu caderno diário.
 
Muito obrigado por tudo, e sobretudo pelo laço eterno na nossa amizade.
 
Muitos beijinhos e até à próxima!

Manecas

 

Querida amiga ventosa,

 

Há pouco mais de um ano transpus uma porta do vento para me lançar na vida dos blogues. Se tenho um blogue a si o devo – por aquilo que me mostrou e por aquilo que me ensinou.  No porta do vento, ainda, agarrei-me a um moleskine para tentar contar histórias de um bairro imaginário; fi-lo agrilhoado a algo que me fez muito bem e que, como sabe, me é difícil: ser sintético, criar uma história em quinhentas palavras. Por último, mas não menos importante, foi através da porta do vento que tivemos, todos, um blind date, cujo sucesso não sofrerá as intermitências da morte. Faça o favor de ser feliz e de se manter por aí, pela blogosfera. Com nosco ou sem nosco. E faça o favor de ser feliz.

 

Obrigado e um beijo,

 

João

 

A solo ou em grupo, eu volto um dia destes. É uma promessa. Até sempre!

 

E já agora... Feliz Natal para todos, e que o novo ano vos traga boas notícias.

 

Adenda: Por mais que me comovam as mensagens que recebi dos meus parceiros de blogue, é evidente que elas são, além de bonitas, manifestamente exageradas no que me toca. Peço-vos que as tomem como generosidade de amigos e que me perdoem o gesto (muito pouco modesto, reconheço) de tê-las revelado aqui. Não costumo praticar o auto-elogio, mas não resisti desta vez. Fraquezas.

 

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publicado por Ana Vidal às 15:51
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46 comentários:
De fugidia a 16 de Dezembro de 2009
Hum... se te acontecer o mesmo que a mim... voltas :-D

Beijo
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Talvez tenhas razão, quem sabe?
Beijo
De Pedro Barbosa Pinto a 16 de Dezembro de 2009


Um beijo e muito obrigado pelos bons momentos.

Boas festas e tudo de bom para a Ana.
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Tude de bom para si também, Pedro. Muito obrigada a si, pela companhia assídua. Boas festas e até um dia destes!
De Pedro a 16 de Dezembro de 2009
Não digo adeus porque continuarei a seguir o Delito como já faço.. digo apenas obrigado pelos posts deixados e vou manter o blog no reader já para o regresso :-)

De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Isso é que é fé, Pedro! Muito obrigada digo eu. É nestes momentos que percebemos como um blogue pode ser importante. Apareça no Delito, é sempre bom saber que os amigos não desaparecem de vista.
De Ana Paula Motta a 16 de Dezembro de 2009
Ana, fiquei um pouco órfã com o fim desse espaço. Entendo perfeitamente tua decisão e respeito que tenha tomado, apesar da saudade desde já. Foi aqui que me inteirei do que ia pela blogosfera e acolheste meu Todos os Sonhos de Abril com carinho e postaste um texto meu. Vou te seguir por aí, em outras portas, quem sabe um dia mesmo essa reabra. Beijinhos de Natal e Bom Ano!!
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Grande beijo, Ana Paula, e a continuação do êxito que tem sido o Sonhos de Abril. Encontramo-nos por aí, claro. Bom Natal!
De Teresa a 16 de Dezembro de 2009
Ohhhhhhh :(

A blogosfera fica decididamente mais pobre. Foi graças aos nossos blogues e ao amor pela música que nos conhecemos, sei que não nos vamos perder de vista. Mas é perda, ainda assim.

E, mesmo sendo uma comentadora muito irregular, sempre fui uma leitora muito atenta.

Obrigada, muito obrigada a todos, com menção especial para a Marie. A ti, Ana, nem preciso de dizer nada, não é?
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Não vamos perder-nos de vista, Teresa. Claro que a blogosfera não fica mais pobre, mas eu fico decididamente mais rica com as amizades e sintonias que ela me proporcionou. Até um dia destes, sem adeus.
Beijo
De imprevistoseacasos a 16 de Dezembro de 2009
Tenho tanta pena. Ana.
Este blog marcou-me não só pelos convidados de qualidade inquestionável, como também pela elegância, cultura e mundanidade da Ana.

Foi um privilégio.

Beijinhos
Fernanda
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Querida Fernanda, um privilégio foi conhecer aqui gente com a sua qualidade. E não tenha pena, tudo se renova e às vezes as mudanças são inevitáveis. Um beijinho e vamo-nos encontrando sempre, claro.
De GJ a 17 de Dezembro de 2009
Ana,

Foi aqui na Porta que conheci muitas pessoas que hoje comentam o meu blogue. Foi também aqui que encontrei muitos momentos de reflexão e divertimento. Sei que andará pelas várias casas e deixará os seus comentários. Espero continuar a lê-la por aqui e acolá e sei que um dia destes vai bater à minha porta.
Até lá, um excelente Natal e um óptimo Ano de 2010.
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
É verdade, GJ, e a nossa sintonia foi imediata. É por isso que hei-de sempre bater-lhe à porta de vez em quando, para continuarmos a nossa conversa, assim como sei que virá bater à minha, se (quando?) eu a reabrir.
Um beijo de Boas Festas e... até já.
De Manecas a 17 de Dezembro de 2009
Um Natal feliz e um Ano Novo com tudo de bom para todos!

Obrigado também a todos pela partilha de posts e comentários.

Beijos Abraços e até sempre!

PS - Menina Ana, fico à espera!
...afinal acho que depois dos copitos, deixaste comigo a chave da porta...e como a guardei no fundo da minha sacola da escola...ela ficou somente no trinco...Um beijinho!
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Contigo a chave estará sempre bem entregue, Manecas! Um dia ainda ta peço outra vez...
Um beijo grande e Bom Natal para ti e para toda a família pipocas.
De meunikaki a 17 de Dezembro de 2009
Apanhei este comboio numa das últimas estações...!
Ana, continuação de boa viagem nos outros meios de transporte da blogoesfera :-)
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Ora, caro Kaki, mas ainda apanhou o comboio a tempo de uma viagem emocionante e inesquecível. Aperte o cinto, relaxe e aproveite bem a paisagem, que ainda há muitas estações e apeadeiros pela frente!
:-)
De Si a 17 de Dezembro de 2009
Quase que copiaria, tim-tim por tim-tim o comentário da GJ.
Fascinantes momentos de discussão, reflexão, boa disposição e sobretudo, animação à volta da mesa da Luísa, do gabinete da Rita, dos livros da Marie, das palavras da Ana...
O bom das portas é que não são muros. Assim como se fecham também se abrem....
Um beijinho e desejos de Boas Festas
De Ana Vidal a 22 de Dezembro de 2009
Sem comentadores do nível dos que tivemos não haveria nada disso, Si. Mas tem razão: as portas não são muros. Podem voltar a abrir-se, mesmo quando as fechaduras estão perras...
Um beijinho também para si, e um ano novo cheio de coisas boas.

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