Outro Eça de Queiroz. Outro crássico do português influenciado pelo realismo dos autores gauleses de sua época. Eça é bom à beça. Rima pobre, porém, limpinha. Em minha opinião, bilionário, Eça foi o melhor escritor português de todos os tempos. Vocês podem argumentar, mas não toquem no nome de Saramago, pelamordedeus. Nem comendo muito arroz e feijão ele chega perto. Ao resumo:
Padreco sem vocação e medíocre da cabeça aos pés come uma tola paroquiana. Dá merda, mas não para o padre.
Nas rodinhas você se sairá muito bem, não se preocupe. Este é um livro fácil de comentar e os intelequituais não vão aporrinhar-lhe muito. Já comece falando que o romance é um ataque mordaz à hipocrisia religiosa e à pequenez da vida na província. Diga que o mais importante do Realismo foi substituir o subjetivismo romântico pela descrição da realidade externa. Arrasou, bilionário. Leia novamente a frase sobre o Realismo. Leu? Na primeira vez que leu pareceu meio difícil de decorar, né? Mas na segunda você pôde perceber a obviedade da frase. Não? Deixa pra lá. Fale que Eça tinha a intenção de pintar um quadro crítico da vida portuguesa. Não esqueça de comentar sobre as críticas que recebeu, inclusive de Machado de Assis. Os críticos diziam que Eça plagiava Émile Zola com seu Realismo de estilo Naturalista. Mas o autor não se fez de rogado e respondeu aos críticos com categoria. Daí foi inaugurado, em contraponto ao Realismo de estilo Naturalista, o Realismo Psicológico. Mas aí não entre muito no mérito porque é papo para muito tempo. E como você sabe, bilionário, tempo é dinheiro. Passe para outra rodinha. Como? Rodinha falando de Paulo Coelho? É que você foi para a rodinha de admiradores do presidente brasileiro, bilionário. Fuja daí que nada vai agregar ao seu já um tanto vasto conhecimento. Na outra rodinha devem estar falando de Thomas Mann. Aí agrega.
É de praxe eu colocar uma musiquinha nos “Pockets”, certo? Espero que gostem da que eu tasco hoje porque é do R.E.M. que eu adoro:
Concordo consigo, Marie, que o Eça foi o melhor romancista português de sempre. Embora para mim, «O crime do padre Amaro» seja um dos seus trabalhos menos interessantes e menos apurado. Não sei se não estarei a ser influenciada pelo facto de não apreciar particularmente o tema, ligeiramente deprimente, se pelo facto de ter visto algumas cenas de uma pretensa adaptação ao cinema, muito recente e deprimentíssima! ;-D Mas, como sempre, delirei com o seu humor, Marie. E não desgosto da escolha musical… ;-)
Luísa, querida, parece que não fez muito sucesso o Pocket do Eça. Talvez porque eu tenha falado em Saramago, sei lá. Mas realmente esta obra não é a melhor do autor. Eu li quando tinha uns 14 anos porque a escola indicou. Fiz prova e tudo. :) Não assisti ao filme, vou procurar. Obrigada pelo comentário.
Marie, não entenda o meu comentário como uma recomendação do filme!!! Vi muito pouco. E como, no pouco que vi, as personagens apareciam assim como Deus as trouxe ao mundo, não lhe achei graça, nem sequer a da reconstituição do guarda-roupa da época. Aliás, parece que a adaptação é feita com referência aos tempos actuais. O cinema português, Marie, na minha modesta opinião, já entrou, talvez, na era da pedra polida, mas ainda está longe de chegar à idade dos metais. ;-D
O Eça é também uma paixão minha, Marie. Mas não especialmente este livro, embora o tenha lido com um prazer especial na adolescência, exactamente porque era pouco recomendável para essa idade. Mas o que acho interessante é que no Brail fizesse parte do progama escolar! Aqui era uma espécie de livro maldito...
Eu sempre ouvi dizer que em Portugal este livro era tido como maldito, Aninha. Mas aqui fazia parte do programa escolar, sim. Não é mesmo o melhor dele, mas até o fraquinho do Eça é bom. :)
Oi Marie. Desta vez atrasei-me por aqui. Não estive andando de rodinha em rodinha, apenas minha vida tem sido uma roda viva. ;) Gostei muito deste seu clássico, mas sou muuuuito suspeito: Eça é o meu escritor português preferido. :) E gosto de R.E.M., claro! :D