
João Paulo Cardoso
A Máquina do Tempo
Desta vez, optei descaradamente por plagiar um texto.
Um texto escrito por um tal João Paulo Cardoso há cerca de três semanas, num blog dedicado à nostalgia,"A Máquina do Tempo" (http://a-maquina-do-tempo.blogspot.com/).
Este regresso ao passado chama-se "O Malandrim" e espero que gostem.
"Poderia ter sido um bom actor, eu.
Não como um Isaac Alfaiate porque não tenho os joelhos tão bonitos, mas ao nível de um José Wallenstein, mais pela fuça do que pelas façanhas artísticas.
Todos já mentimos uma vez e todos fizemos asneiras em criança.
Mais do que uma vez.
A história que se segue aconteceu algures entre 1975 e 1980, na casa da minha saudosa avó Catarina.
Mais propriamente na cozinha.
Vovózita tinha ido às compras ao sr. Alberto, ainda hoje com a mercearia de pé, resistindo a supers, hipers e mega-mercados.
Trouxe pelo menos um saco cheio de coisas boas, daquelas a que um puto guloso não resiste, espreita e acaba por partir um ovo de uma caixa de meia dúzia.
Receoso de sentir o calor de umas palmadas bem dadas no rabo, tive uma ideia genial.
Fazendo fé em alguma taralhoquice da minha avó, engendrei uma realidade alternativa em que ela se tinha esquecido de comprar ovos.
Mas para isso era necessário desaparecer com os cinco ovos inteiros e um partido.
Então - notem no engenho da criança mais estúpida do que uma porta -, agarrei na caixa de ovos e atirei-a pela janela.
Um voo do 1º andar para o quintal da dona Olívia, a senhoria.
A existência de uma bela gemada entre as plantas de quintal não passou despercebida e lá veio o inevitável castigo para o malandrim.
Cerca de 10 anos mais tarde, vinha carregado com compras da cooperativa de consumo que fica ainda do outro lado da linha, quando vi a minha prima Zezinha uns metros à frente e, o que é que resolve inventar a esquizofrenia desta mente?
Um faz de conta que estou a esconder algo muito feio atrás desta roseira bonita.
Agora que, ao longe, a minha prima parece intrigada, faço uma expressão de pânico, desvio-me do seu caminho, e acelero o passo.
Não sei porque o fiz mas, como seria óbvio, a história chegou rapidamente aos meus pais e eu sem conseguir explicar o que se tinha passado, ou melhor, que não se tinha passado nada.
Ainda hoje não sei porque é que, quando não fazia asneiras, simulava que fazia asneiras.
Apesar de imensamente pateta, poderia ter sido um bom actor, eu."
De Luísa a 31 de Julho de 2009 às 16:24
João Paulo, compreendo bem a «esquizofrenia» dessa mente. Poucas coisas darão tanto gozo a um carácter rebelde (ou malandrim) do que lançar no espírito dos outros – e se é espírito desconfiado e vigilante, ainda mais – a suspeita de comportamentos inconfessáveis. :-D
Porque será que acho isso normalíssimo em ti, JP??
(confesso que eu também adorava intrigar os outros com comportamentos estranhos...)
De mike a 31 de Julho de 2009 às 21:43
João Paulo, os moços bem comportados e ajuizados têm tendência a simular asneiras quando não as faziam. Porque raras eram essas vezes. Eu, por exemplo, sou como o João. ;)
Belo post! Um abraço.
De Luísa a 31 de Julho de 2009 às 23:05
...... (silêncio de discreta compreensão) ......
De mike a 1 de Agosto de 2009 às 11:20
... (silêncio de agradecimento, apesar da compreensão ser discreta)...
De
GJ a 1 de Agosto de 2009 às 03:48
Desculpe? Quem é que é como o João?????
Estou a ver, é o tal de anjinho:|
As histórias do JP têm um sentido de humor, e eu estou a repetir o que já aqui disse, muito subtil. Imagino que as malandrices de miúdo fossem iguais e que causassem o mesmo impacto.
De mike a 1 de Agosto de 2009 às 11:19
Eu, GJ, sou eu. :)
De
GJ a 1 de Agosto de 2009 às 20:35
De tal maneira que nem histórias tem para às paredes confessar...:))
De mike a 1 de Agosto de 2009 às 22:25
Nada de mais... é que as paredes são indiscretas e inventam muita coisa. ;D
De Manecas a 1 de Agosto de 2009 às 08:40
Estou mesmo a ver...!
Com ovos não me lembro...Mas fizémos (eu e os meus primos "do lado" em conjunto éramos 12, mais os amigos do bairro...) uma vez uma que nos ficou de menda...
Pusémos na caixa de correio de um prédio vizinho um aviso a dizer que o prédio iria ficar sem elevador uma semana (não fizemos a coisa por menos...) para manutenção.
O problema é que no prédio havia pessoas idosas e de mobilidade reduzida.
Quando se descobriu a autoria, foi o bom e o bonito...!!!
1 AB
De Manecas a 1 de Agosto de 2009 às 08:41
Faltou o "e" para ser "emenda"...sorry
Manecas, já viste que andas a contagiar todos com as tuas memórias de infância? É que não há nada que seja mais poderoso... :-)
Estou espantado com a facilidade com que se pegam fotos de MINHA autoria e a colocam NESTE blog sem sequer citar a fonte, sem permissão e sem autorização. É vergonhoso ROUBAR imagens de terceiros e as publicar num sítio na Internet desta maneira acintosa. Uma VERGONHA!
Foram extraídas do MEU BLOG - “Fatos & Fotos de Viagens”-
http://interata.squarespace.com/jornal-de-viagem/2007/9/3/istambul-onde-o-ocidente-encontra-o-oriente.html
Em “De Istambul, com amor” (publicado aqui em Sábado, 5 de Janeiro de 2008) foram usadas fotos de minha autoria e propriedade, protegidas por leis internacionais de Direitos Autorais, as quais encontram-se registradas e publicadas em
http://www.flickr.com/photos/interata/sets/72157605959595162/
Exijo a IMEDIATA retirada das imagens a fim de que não seja obrigado a tomar medidas judiciais cabíveis decorrentes de Direitos Autorais quebrados. Estas fotos foram INDEVIDAMENTE obtidas e copiadas do MEU blog e SEM pedido prévio, consequentemente SEM autorização.
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