Segunda-feira, 22 de Junho de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

Minha querida Maria João Pires:

 

Normalmente escrevo por impulso. Desta vez, escrevo também por gratidão e solidariedade.

 

 

A gratidão advém de tantos momentos em que fui seduzido pelas suas mãos, conduzido pela suavidade da sua expressão apaixonada pela música, paralisado pela elevação dos seus gestos, extasiado pela audição dos seus concertos.

 

A solidariedade, gostava de a deixar expressa na humilde e discreta companhia deste anónimo a quem dói profundamente ver uma artista única e imortal ser tratada, no meu país (e no seu), como simples número, numa ávida contabilidade de deve e haver, valorizada unicamente por proveitos e custos tangíveis em imediatas moedas.

 

Comovo-me normalmente quando penso, ou, pretensiosamente, ouso falar sobre a filosofia inerente à permanente aprendizagem de todos os intervenientes do projecto de Belgais, sobre a interligação de sentires entre um plantar de uma semente deixada germinar ao sabor da mãe natureza, ou o amparar de uma criança que simplesmente aprende a caminhar melodiosamente pelos trilhos dos sons, equilibradamente pelas veredas da razão, curiosamente pelos rastos do saber.

 

A grandiosidade do projecto, a busca permanente dum caminho, o enlevo que desperta cada passo para uma nova dúvida, não cabe efectivamente em objectivos tangíveis de redutores cifrões.

 

O contraponto do deve e haver com o ser, é normalmente doloroso para quem tem a elevação da criação, e se alimenta da melodia, da arte, e dos sonhos…

 

O deve e haver dos números, dos cifrões, da matéria, esgota-se num simples momento. A música, a arte, a elevação, o sonho, ficam para sempre, e permanecerão num contributo inolvidável à vida.

 

Não penso ser digno de lhe agradecer, mas permita-me somente que beije comovidamente as suas mãos.

 

Manuel Fragoso de Almeida

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Segunda-feira, 15 de Junho de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

Talvez não saibam, mas passaram quatro anos da morte deste senhor no dia 10 de Junho. Por isso aqui vos deixo uma pequena canção que tem todo o inconfundível estilo do seu memorável autor, Ray Charles. É a “soul music” em pessoa… e vale sempre a pena recordar. É sem dúvida um dos meus cantores favoritos, daqueles que ficarão para sempre na nossa memória, e por isso aqui fica, num início de semana um pouco preguiçoso seguramente, depois dos feriados, da praia, do sol…

 

Boa semana, com este memorável … “Till There Was You”.

 

 

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Segunda-feira, 25 de Maio de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

 

Hoje... bem, hoje a proposta não é uma 2ª feira energética, mas sim melodiosa, e mesmo de pura sedução…

 

Não acreditam? Pois então oiçam as propostas que vos deixo.

 

Duas, para que o Mike não me ralhe com a falta da opção feminina…

 

Oiçam só!

 

Não votem…O gosto é de cada um.

 

Para quê optar entre as palavras sussurradas pelo Elvis, ou a pura sedução das palavras, da voz e das mãos da Diana Krall?

 

Ouçam, pensem, sonhem e degustem…

 

Bons sonhos! 

 

 

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Segunda-feira, 11 de Maio de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

Mudando as minhas linhas para 2ª feira, pensei num primeiro contributo mais leve e com energia suficiente para podermos enfrentar a próxima semana com optimismo e forças renovadas.

 

Depois da densidade filosófica do JAB e do opíparo jantar da Luísa, nada melhor do que passarmos à música, e a um dos solos de guitarra mais célebres da música pop.

 

Os artistas são os Dire Straits tocando no Estádio de Wembley (já não existe hoje em dia…) em 10 de Julho de 1985.

 

A música, que reconhecerão imediatamente, é… essa mesmo, Sultans of Swing, e como por certo se lembrarão, o artista principal é o inevitável Mark Knopfler.

 

Esta versão é considerada a melhor que existe na net, e perceberão porquê. É tocada em concerto, perante milhares de pessoas e tem todo o clima envolvente que poderemos ainda saborear…

 

Pois é, gostava de lá ter estado… um espectáculo!!!  

 

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Sábado, 25 de Abril de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

 

Trova do Vento que Passa 

 

Porque hoje é dia 25 de Abril, aqui fica uma das canções de resistência mais bonitas que conheço, com um poema sentido do Manuel Alegre.

 

“Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não” é um mote que me diz muito, e que continua sempre actual em muitas situações de exercício do poder, que seguramente conhecemos…

 

Dizer não, no momento actual, passou a ser também muitas vezes um acto de coragem, quando deveria ser um simples acto de discordância. 

 

 

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Sábado, 18 de Abril de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

Aqui fica uma canção que muitas vezes cantávamos na praia,  nas chouriçadas que duravam até às tantas da manhã, no período conturbado em que começávamos a ver chegar, perigosamente, o momento de irmos para a tropa. O que naquele tempo significava, invariavelmente, ir para a guerra do Ultramar.

 

Esta canção foi escrita nos anos 50, significando um apelo à deserção por parte dos jovens franceses que não desejavam participar na guerra da Argélia.

 

É um outro lado…  que nos leva a pensar e que sempre se manterá actual.

 

 

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Sábado, 28 de Março de 2009

Claves de Sempre

 

Manuel Fragoso de Almeida

 

 

Não vou escrever muito, nem tenho nenhuma história especial associada a este rapaz, é só mesmo para vos dar um bocadinho de música, se me permitem…

 

Mas aproveitem, porque o rapaz é mesmo um espectáculo!

 

Já agora, enquanto o vão ouvindo, vale a pena olhar distraidamente a assistência e sobretudo descobrir o corte dos cabelinhos, ou os cabelos timidamente compridos da rapaziada.

 

E os colarinhos? As pontas arredondadas e o tamanho, meu Deus!

 

Bom, mas ouçam com atenção o Otis Redding, que é sem dúvida um dos meus preferidos.

 

Espero que gostem desta proposta de intervalo! 

 

 

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Sábado, 7 de Março de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

A música que vos proponho hoje faz parte do baú das recordações daqueles que nasceram nos anos cinquenta… Os que têm mais de cinquenta… pronto!

O vídeo que acompanha esta memória faz-nos rir se o compararmos com os actuais vídeo-clips, mas é talvez dos melhores da época…

 

É quase como os filmes que os nossos pais nos faziam, carregando as inevitáveis super-8 da época, e que, por regra, passavam por pôr os meninos e meninas a correr aparecendo de surpresa (?) da esquina do quintal ou, quando eram filmagens mesmo no exterior, de trás de alguma árvore do jardim do Casino do Estoril, ou do Jardim da Estrela…

 

Bom, mas a música dos Procol Harum tem o condão de nos transportar às garagens das festinhas de Verão, preparadas a preceito com o gira-discos portátil último modelo, os LPs, os inúmeros Singles, emprestados por uns e outros, e os magníficos e científicos jogos de luzes que mais não eram do que uma vestimenta a celofane das precárias luzes das ditas garagens…

 

Já nessa altura tínhamos preocupações ambientalistas e de poupança de energia, desligando alguma lâmpada ou abusando dos papeis encarnados e azuis com que as vestíamos. Não raro, estas preocupações que, curiosamente, nasciam na preparação da festa e terminavam com ela, motivavam o aparecimento dos donos da casa para verificação da luminosidade do ambiente, das melodias tocadas, e da ousadia dos pares nos slows mais longos.

 

O “A Whiter Shade Of Pale” cumpriu o seu papel a preceito nas férias de Verão (e nas outras festinhas dos anos sessenta e setenta…), e dele nasceram seguramente os primeiros namoros de alguns de nós, ou pelo menos a melosa e aconchegada dança com um par escolhido no momento ou já fisgado nos dias anteriores.

 

Este post tem dedicatória assumida à Isabelinha aqui da casa, que ainda hoje recorda, deleitada, uma das festinhas da Costa da Caparica em que ,embalada pelos Procol Harum, selou o seu primeiro sim com o arrojado namorado.

 

Mas ouçam e vejam… e voltem uns anos atrás, àquela festinha de despedida de mais um Verão, com a ternura, o improviso, a aventura, os pedidos de namoro, e as promessas de amor misturadas nas lágrimas de mais um adeus…    

 

 

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Sábado, 21 de Fevereiro de 2009

Claves de Sempre

Manuel Fragoso de Almeida

 

 

 

Palavras para uma Filha 

 

De vez em quando apetece voltar às palavras sentidas, ao pé de uma lareira, num grupo de amigos, ouvindo somente o crepitar da lareira e deixando que o interior de cada um saboreie em silêncio as memórias.

 

Esta sentida melodia do Paco Ibañes é uma carta dum pai para uma filha.

 

Talvez a memória nos leve, antes, a um Paco revolucionário, comprometido, militante, excessivo muitas vezes, mas escolhi hoje o Paco sentido, melancólico… pai.

 

Sintam a melodia, devagarinho…serenamente! 

 

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Sábado, 31 de Janeiro de 2009

Claves de sempre

 

Manuel Fragoso de Almeida

 

 

A lição de uma vedeta

 

Conto-vos hoje uma história real, que calou fundo no meu coração de rapazinho caminhando para a maioridade…

 

Já foi há muitos anos, julgo que em  finais dos anos 60, nos primeiros concertos a que assisti e seguramente também dos primeiros concertos do agora demolido Pavilhão de Cascais.

 

A estrela do concerto era a Joan Baez, que por essa altura era, sem dúvida, uma das vozes que mais ouvíamos, não só por causa das melodias e textos, mas também pelas intervenções cívicas e atitudes políticas que a afirmavam na contestação da politica americana, com realce para a guerra do Vietname.

 

Chegámos cedo a Cascais.

 

Na altura nem sequer carro tínhamos, por isso a algazarra, a alegria, os ditos e as brincadeiras foram o entretenimento da viagem de comboio, o que se prolongou pela longa espera a que fomos obrigados dada a multidão que ocorreu a um pavilhão completamente à pinha. Na altura, concertos musicais com vedetas estrangeiras, talvez houvesse um por ano…

 

Na primeira parte tocava um conjunto português, cujo nome não me recordo, mas que não era muito conhecido (ou, para ser mais preciso, eu não o conhecia, seguramente). Por isso, o atraso com que conseguimos entrar não nos preocupou por aí além. Mas a meio desta primeira parte do espectáculo, aconteceu o imprevisto: faltou a electricidade. Ao tempo, não era um facto assim tão inédito, mas para além de deixar toda a assistência às escuras, impediu a continuação da actuação do grupo português e fazia crer os mais pessimistas que a noite acabaria ali e de Joan Baez , nada…

 

O que se seguiu foi contudo memorável, sobretudo para aqueles que se sentiam atraídos pelas palavras de solidariedade, paz, verdade, amor, e tinham o seu ideário de liberdade.

 

Sem poder tocar os seus instrumentos eléctricos, somente o baterista do conjunto português ficou em palco. Mas Joan Baez salvou a situação, improvisando espontaneamente com ele uma batida ritmada que lhe permitiu dançar à luz dos isqueiros que prontamente se acenderam por todo o Pavilhão, nas mãos dos espectadores incrédulos mas delirantes.

 

Foram 10 ou 15 minutos, mas, com este acto, aquela vedeta renomada salvou a face a um desconhecido grupo português que foi aplaudido em conjunto com ela no final do que pôde ser a sua actuação, agora já com a luz regressada ao pavilhão. Salvou uma organização que poderia ter sido posta perante uma debandada do público, sem esperança que a electricidade regressasse a tempo, e sobretudo deu-nos a todos uma lição de humildade, de solidariedade, companheirismo e coerência, de que nunca mais me esqueci. Ficou-me na memória para sempre a imagem de Joan Baez a dançar ao som somente duma bateria, e à luz de um sem número de isqueiros.

 

Não me lembro já do espectáculo que se seguiu…

 

Deixo-vos com um dueto dela e o Bob Dylan, também bem antiguinho, e com uma canção imortal: Blowing in the Wind. Espero que gostem de recordar!

 

Manuel Fragoso de Almeida

 

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