Quinta-feira, 16 de Agosto de 2007

Azares


Hoje de manhã fazia muito vento aqui e a chuva ameaçava despencar do céu a qualquer momento. Preparei-me para sair de casa com a sensação de estar a meio do Outono ou nos primeiros dias de uma Primavera fresca, ainda incipiente. Onde está o Verão? Onde estão os dias de sol farto, a pedir banhos de mar? Ainda bem que estou a trabalhar e não de férias, pensei. Pobres dos portugueses que alugaram casas de praia ou espaços em parques de campismo, e têm que inventar actividades para se entreterem debaixo de tecto, para não acabar tudo numa enorme discussão familiar.

No Bangladesh e na Coreia do Norte, as inundações estão a fazer centenas de milhares de desalojados. As chuvas de Verão dos últimos dias destruíram pelo menos 800 edifícios públicos, 540 pontes, linhas de caminho-de-ferro e milhares de hectares de campos de cultivo. A fome e as epidemias alastram.

Mal cheguei à garagem, lembrei-me de que tinha deixado as chaves do carro no 4º andar. Bolas, porque é que sou tão distraída? É raro o dia em que não tenho de voltar para trás, por uma razão qualquer: as chaves, o telefone, um papel importante, qualquer coisa que me atrase e me faça sentir estúpida logo de manhã. Voltei ao elevador, em sentido contrário. A rogar pragas a mim mesma.
O sismo no Peru é o maior dos últimos 50 anos: já provocou mais de 500 mortos e espalhou o caos em cidades como Pisco, uma das mais atingidas, onde as ruas estão pejadas de cadáveres.
A caminho do escritório, já na estrada, o trânsito estava pior do que o costume: um acidente numa das rotundas. Só chapa, nada de importante, ninguém se magoou. Mas entre os mirones ociosos e divertidos, os dois condutores discutiam aos gritos e quase chegaram a vias de facto. Depois lá chegou a polícia, acalmaram os ânimos. Finalmente, o trânsito recomeçou a circular. Uff, que stress!
Os quatro atentados de terça-feira no Iraque são já os mais violentos e sangrentos da história do país, desde a invasão norte-americana, em 2003. Segundo os últimos balanços oficiais, feitos ontem à tarde, foram já extraídos dos escombros, pelo menos, 250 mortos e 350 feridos.

Como uma desgraça nunca vem só, a reunião que eu tinha hoje à tarde foi adiada sine die, o que significa, muito provavelmente, que o negócio não se fará. A desculpa é Agosto, mau mês para decisões importantes, mas palpita-me que houve um recuo. Más notícias, era uma aposta que eu achava já estar no papo. E o trabalhão que já tive com isto?! Bom, avancemos, não vale a pena chorar sobre leite derramado. Mas não consegui fazer muito mais: os telefones estiveram avariados uma boa parte da tarde, assim como o ar condicionado. Há dias em que mais vale não sair de casa.

Após uma canícula com uma duração sem precedentes, que matou nove pessoas no país, a Grécia enfrenta uma vaga de incêndios, que já fizeram dois mortos no centro do país e chegaram ontem à noite às portas de Atenas.

Cheguei a casa irritada e tensa, morta por relaxar um bocadinho antes do jantar. A propósito, havia que fazê-lo, entretanto. Se ao menos tivesse uma empregada interna, ou uma varinha mágica que fizesse tudo por mim! Mas não tenho nada disso. Fui para a cozinha com um suspiro, preparei tudo e finalmente voltei à sala, ao meu sofá preferido. Recostei-me, estiquei as pernas, liguei a televisão. Com tudo isto, estava na hora do telejornal. E ouvi as notícias de hoje...
publicado por Ana Vidal às 23:28
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