Quarta-feira, 8 de Julho de 2009

Sou sincera

Rita Ferro

 

A violência doméstica

que não chega aos hospitais

 

 


 

Quem não conhece o diabolismo que o amor, incompreendido, pode gerar?

O desgaste da coabitação?

A verrina que a amargura destila?

Quem não lhe aconteceu já,

na vida a dois,

opor a humilhação ao cinismo

ou desvairar em nome da razão?

Quem não reconhece, em matéria de danos psicológicos, uma violência doméstica

que independe da superioridade muscular?

 

 

Quem tem medo de Virgínia Woolf, de Mike Nichols, a partir da peça homónima de Edward Albee, com Elizabeth Taylor, Richard Burton, George Segal e Sandy Dennis. (Nota feminina: Sandy D., que aceitou o papel apesar de grávida, sofreu um aborto espontâneo durante a rodagem do filme.)  Vencedor de 5 Óscares. (USA, 1966) 

 

Quantas vezes já perdeu este jogo?

 

 

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publicado por Ana Vidal às 10:43
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75 comentários:
De Ping-pong a 8 de Julho de 2009
Só depois de comentar li os anteriores e realizei a pergunta. Já vivi e ainda vivo dificuldades na relação quotidiana íntima mas identifico-me mais na depressão do que nas manifestações violentas e agressivas. Tive e terei sempre medo de perder
De rita ferro a 8 de Julho de 2009
E se se ganhar a si própria, já pensou?
De Soldado a 8 de Julho de 2009
«Tive e terei sempre medo de perder».

A pergunta não é irónica, ou sequer retórica, Ping-Pong, é mesmo uma pergunta de quem, por mais que tente, não conseguiu encontrar a resposta: o que é que tem medo de perder? O outro? E como é que se «perde» o que, por definição, é impossível possuir? E como é que «nos ganhamos» a nós próprios?

Havia por aí um jogador que em tempos deixou aqui um poema, que eu fixei. Era assim:

«Tan unidas están nuestras cabezas
y tan atados nuestros corazones,
ya concertadas las inclinaciones
y confundidas las naturalezas,

que nuestros argumentos y razones
y nuestras alegrías y tristezas
están jugando al ajedrez con piezas
iguales en color y proporciones.

En el tablero de la vida vemos
empeñados a dos que conocemos,
a pesar de que no diferenciamos,

en un juego amoroso que sabemos
sin ganador, porque los dos perdemos,
sin perdedor, porque los dos ganamos.»

Não será antes assim?

Rita, se aparecer por aí a PERPLEXA, importa-se de lhe dizer, por favor, que eu lhe deixo um beijo? Agora tenho de voltar para a minha guerra. Obrigado e adeus.
De mike a 8 de Julho de 2009
Rita, sou sincero: conheço isso tudo e reconheço o que fala.
De rita ferro a 8 de Julho de 2009

Canseira, não é? Mas não é facultativo, é assim mesmo: «As asas equilibrando os planos, os palcos da vida levantando os panos»...
De mike a 8 de Julho de 2009
Ah, a vida, Rita... essa malandra... e os projectos que temos para a vida que são alterados pelos projectos que ela tem para nós?
De rita ferro a 8 de Julho de 2009
Ah, Mike, nem me fales nisso! E os anos que demoramos a procurar respostas para, quando as achamos, mudarem as perguntas?
De mike a 8 de Julho de 2009
Ah não... isso é com vocês, mulheres, Rita. Sempre com perguntas e a querer respostas para tudo... (risos)
De rita ferro a 8 de Julho de 2009
Vocês não perguntam, Mike? Morde aqui...
De Ping-pong a 8 de Julho de 2009
Eu já me ganhei a mim própria, digo isto sem qualquer arrogância note, encontrei e reforcei a minha identidade mesmo quando me submeto e reconheci a noção de humildade e a importância da redução do ego na construção da vida.
De rita ferro a 8 de Julho de 2009
O maior respeito e apreço, sendo assim :-))
De imprevistoseacasos a 8 de Julho de 2009
Olá Rita
Foste buscar uma peça/filme deculto e puxaste uma tema imenso na complexidade. Não sei falar sobre isto. Sinto que não tenho experiência suficente.
Apenas sinto que o fio da navalho está próximo, que o abismo por vezes é mais convidativo do que o marasmo de certas vidas, de que por vezes só destruindo conseguimos pensar em voltar construir.
No meio de tudo isto a violência parece abanar alguns para a vida, despertar outros, penalizar alguns, demais, violentar multidões e ainda assim afagar os que se sentem mortos, espectros vivos, que só numa estalada percebem o oxigénio que respiram.
Quanto ao filme, adoro, cultivo e penso que é único. Viva a tela :))
Beijo
Fernanda
De rita ferro a 8 de Julho de 2009
Que inveja de síntese, Fernanda, caramba! Obrigada pela delicadeza com que entras e sais nesta Porta, sempre discretamente, deixando sempre um rastro de lucidez e sensibilidade à passagem... Beijo grande para ti!
De imprevistoseacasos a 9 de Julho de 2009
És uma querida :)
Um beijo grande para ti
Fernanda
De José António Barreiros a 8 de Julho de 2009
A bofetada que se deu num filho e era, impiedosa, apenas vingativa represália de um dia mau, as más palavras que recebemos dos próprios pais, vis e desnecessárias e no entanto de obrigatória sujeição, o olhar de desdém que poderíamos ter evitado à mesa e o semblante traiu, tendo a superioridade da razão naquele único instante, o argumento que afogámos na boca do outro, atropelando-o na conversa, só para não perdermos razão, no duvidoso momento de desespero. Aquilo a que nos sujeitamos, tornando-nos algozes e sendo vítimas. A suprema vergonha de tudo ser evitável e haver um outro mundo possível. O medo que alguém descubra, o consolo de nos termos esquecido. Este post para lembrá-lo. Um mundo de sentimentos, a partitura da vida, o Ensaio de Orquestra. Obrigado Rita.
De rita ferro a 8 de Julho de 2009
Querido Jab! Estará por acaso a referir-se ao Ensaio de Orquestra do filme homónimo de Fellini, uma charge à violência dos ismos sobre as artes e do poder da ditadura sobre a individualidade, que começava com música dirigida por um maestro alemão, parodiando no final a voz do Hitler? Espere, que esta tem de ser pensada... Vou amanhã tentar arranjá-lo para perceber bem o que quer dizer, nada do que você escreve é por acaso :-)) Beijo e obrigada por mais esta peça do puzzle!
De Anónimo a 9 de Julho de 2009
Que exibicionismo insuportável...
De rita ferro a 9 de Julho de 2009
Foi sem intenção, era um private joke político para o Jab. Mas pode parecer, reconheço. Eu própria não resistiria a fazer um comentário parecido perante uma tão cabotina e idiota demonstração de conhecimentos :-)) 1-0 para este novo Anónimo com um sentido de humor parecido com o meu! LOLOL
De Soldado a 9 de Julho de 2009
http://www.dailymotion.com/related/x2qlmd/video/x2qrh1_prova-dorchestra-7_music?hmz=74616272656c61746564
De luis eme a 8 de Julho de 2009
nem sei o que diga...

nem sem qual é a pior violência. depende muito da personalidade de cada um de nós, da forma como encaramos os problemas, da forma como vivemos...

claro que a psicológica deixa sempre mais marcas, embora sejam invisiveis...

ainda há dias vi um puto de uns dezasseis anos oferecer porrada à namorada, quase à minha porta...

o que é que posso dizer? fui um felizardo, não tive nenhum amigo com estes hábitos. este tipo de violência passou-me ao lado. embora recentemente tenha conhecido dois casos de divórcio, em que as mulheres levavam porrada desde o namoro (já sabiam ao que iam...) e assim continuou. uma delas foi preciso ir parar ao hospital para dizer, basta!

não consigo compreender isto, ainda por cima com crianças metidas pelo meio.

pois, a Virgina Wolf... as coisas que me fazes escrever, Rita.

abraço
De rita ferro a 9 de Julho de 2009
Escrever é bom, Luís, pelo menos de vez em quando :-)) Mas neste caso nem queria falar exactamente de violência física, mas da psicológica. Temos os livros, os filmes, as enciclopédias, as igrejas, as terapias orientais e as outras, de divã, mas depois há uma coisa chamada sistema nervoso que rebenta com toda a sabedoria e toda a mística, cafrealizando-nos nas relações. Talvez mereçamos indulgência se pensarmos só há pouco, na longa cadeia evolutiva até ao homem moderno, endireitámos a espinha...
De GJ a 9 de Julho de 2009
Por ser violência psicológica é que, aparentemente, não chega aos hospitais. Mas chega através da depressão, das tentativas de suicídio , do alcoolismo, dos males escondidos por anos de aprendizagem. E são as mulheres que representam o maior número de vitimas pelo medo de ficar sozinhas e mais uma vez, Rita, pela falta de autonomia financeira.
A maior conquista feminina é poder dizer não ao abuso físico, psicológico, verbal e moral, sem medo de ficar com o porta-moedas na ruína. O conhecimento é uma arma contra o abuso. A autonomia financeira é a arma contra o medo e o caminho para auto-estima .
A falta de auto-estima atinge todos os grupos sociais e diversas faixas etárias e só existe um caminho: encontrar a porta que nos deixou entrar, porque só ela nos deixará sair.
De rita ferro a 9 de Julho de 2009
Mas eu, neste caso caso que quis debater, GJ, em que o feminismo já não se coloca tanto e em que homens e mulheres se igualam na capacidade de se destruírem, também não queria estar na pele dos homens, Amiga: quando a mulher se perfila - e falo agora de mulheres independentes e emancipadas - é melhor até a destruir e a humilhar (verbalmente) do que eles. E para ser totalmente justa: o problema da auto-estima é unissexo e extrínseco a esta matéria. Os cônjuges podem ajudar a enterrá-la, mas vem de longe na história de cada um, não será? Beijo e obrigada pela participação sempre luminosa, Rita
De GJ a 9 de Julho de 2009
Estou de acordo, Rita. As mulheres podem ser muito piores. E quando se perfilam para destruir conseguem fazê-lo muito melhor que os homens. A auto-estima é unissexo , eu diria até que não tem género. Mas também, sou sincera, só as mulheres com autonomia financeira e os homens que não a têm é que conseguem inverter os papéis.
De rita ferro a 9 de Julho de 2009
A autonomia financeira funciona, infelizmente, como prevenção de abusos, sendo isto verdade para ambos os sexos?
De GJ a 9 de Julho de 2009
Penso que também, mas não só. Em última instância, estou certa que é essa autonomia que dita a acção.
De agenor a 9 de Julho de 2009
«Quando a mulher se perfila - e falo agora de mulheres independentes e emancipadas - é melhor até a destruir e a humilhar (verbalmente) do que eles. E para ser totalmente justa: o problema da auto-estima é unissexo e extrínseco a esta matéria.»

Absolutamente de acordo [regra geral as mulheres são melhores a verbalizar o que sentem, por isso não admira], mas talvez convenha sublinhar que nas relações em que uma das partes humilha o outro, o problema não está na relação em si, mas em cada uma das partes envolvidas. Passo a explicar a minha ideia:

Num dos comentários anteriores alguém já aqui referiu que o título da peça devia ser «Quem tem medo da verdade?». Não só estou de acordo como adito: «Quem tem medo da sua própria verdade?». A raiz do mal, neste tipo de relacionamentos, é a dificuldade que cada uma das partes tem em encarar a verdade sobre si próprio, custe o que custar, doa o que doer. Quem consegue suportar a sua própria verdade assenhora-se de si, imuniza-se contra todo o tipo de manipulação, incluindo a humilhação. O passo seguinte para conseguir uma forma de relacionamento saudável é aprender a aceitar o outro tal como ele é, ou seja, com todas as suas limitações. E isso deixa de ser difícil quando aprendemos a praticar a tolerância relativamente a nós mesmos. Mais fácil ainda quando nos habituamos a ser mais exigentes connosco.




De rita ferro a 9 de Julho de 2009
O problema, Agenor, é que, entre cônjuges, a humildade na aceitação da nossa natureza não é tida como uma grandeza, mas como uma vulnerabilidade a explorar e a tirar partido nas contendas e discussões. Daí que sejamos tão resistentes em «dar o ouro ao bandido». fiz-me entender? Pode parecer absurdo, tratando-se do terreno amoroso, mas as relações conjugais, já o dissemos, são também, inevitavelmente, relações de poder e de autoridade sobre a casa, o projecto, as finanças, a gestão social, os flhos ou mesmo (e principalmente) o companheiro :-))
De ritz_on_the_rocks a 9 de Julho de 2009
Dificil

bj
De rita ferro a 9 de Julho de 2009
Porém desafiante? Um beijo para ti e outro para o Walter, Rita V! (O teu desenho da Pina Bausch está digno da primeira página de um suplemento dedicado à sua vida, to say the least :-))
De PERPLEXA a 9 de Julho de 2009
É uma pena que a violência doméstica esteja tão conotada com relações conjugais ou afins. A coabitação desgastante e sobretudo a Amargura, acontecem ou podem acontecer em qualquer tipo de relação. Já o amor a gerar diabolismo, hum…, é um prato mais requintado… e neste caso, a vítima ou as vítimas, uma vez que it takes two to tango, não são totalmente inocentes e quase sempre prevaricadoras repetentes. Porquê? PORQUÊ? Não é preciso estar, nem é preciso fugir. Basta sair do “jogo” quando a maré é de azar. Continuar é adição. Ah que simples! Não, não é. Mas tem tratamento.
Para além de haver também uma idade mais própria para fazer voar o cinto, o punho, os pratos e de caminho a auto-estima. Na “Guerra das Rosas” ainda tinham estaleca para se pendurarem no candeeiro do tecto. Já num outro filme que vi há qu’anos com a Simone Signoret e o Jean Gabin em idade avançada, tinha-se instalado o silêncio. Total e absoluto. Agrediam-se com o olhar, com a brusquidão de um gesto ou a lentidão de um sarcasmo, e outra vez com o olhar. Havia um terceiro personagem, importantíssimo, um gato. Um dia desapareceu. Como? Qual dos dois foi o carrasco? O insuportável peso do “Não Dito”. Faltava uma peça essencial, física, que assegurava o equilíbrio do ódio de estimação. Surgiu uma nova, não palpável e talvez por isso inelutável: a atmosfera… Quando o vulcão explodiu dentro dele, escreveu-lhe um bilhete: LE CHAT ”. O pior de todos, vi em “Dormindo com o Inimigo”. Violência, para mim é este, que nos serve num cenário de luxo, a anulação homeopática de uma mulher, diariamente submetida a operações de micro-cirurgia para aperfeiçoamento do carácter à imagem da patologia do marido. Sobreviveu.
Três filmes: três formas de dependência e suas cicatrizes.
E as cicatrizes das Mães espancadas pelos filhos, as avós assaltadas pelos netos e os velhos maltratados e abandonados? As crianças enquanto espectadoras dos tais jogos. A violência entre irmãos. As mulheres tão subtilmente humilhadas e pisadas, que os neurónios se vão extinguindo em morte lenta até à total perda de identidade. Para estes e para estas não há tratamento. Mas deveria haver brigadas e operações de salvamento. Afinal estamos a falar de CRIME! E o castigo? Não resolve. Nenhuma doença se trata com castigo.
PREVENÇÃO. Sim, Prevenção.
E lá volto eu ao SEGURO. Desta vez devia ser pedido à MEDIS.

P.S. Rita, folgo em saber que o Anónimo subiu de posto, promovendo-se a Soldado. Raso e Desconhecido? É duro! O que ele gosta de guerras… Retribuo o beijo, mas agora que sorri, preferia que me fizesse uma serenata devidamente fardado. Violinos!!! Fada Madrinha.
De Soldado raso e desconhecido a 10 de Julho de 2009
Boa noite, Fada Madrinha!

Nenhuma doença se trata com castigo, é verdade, e a Amargura é tal e qual a gangrena, apodrece por dentro. Depois fica-se como esse velho casal, que o Simenon descreve no «Le Chat».
Lembrei-me ainda de uma outra modalidade, no género «amor diabólico», igualmente doentia, mas mais no género explosivo. A razão, neste caso, é o Orgulho. Lembra-se disto?:
http://www.youtube.com/watch?v=3HFuXH8wOUM

Por natureza tenho horror à gangrena, à podridão, ao silêncio. Se estivesse nessa situação optaria por pegar na espada e cortar a perna. Antes coxo que podre por dentro. Mas concordo consigo: o melhor de tudo é mesmo a PREVENÇÃO! Por isso voto na MEDIS.


PS: Serenata fardado... Violinos... Hum... Não sei não... Isso é mais para a estudantada. Um velho a dar música não tem piada. Acredite em mim :-)
De PERPLEXA E DETERMINADA a 11 de Julho de 2009
Olhe que não Sr. Soldado. A Amargura é o avesso da Doçura. É um tempero ao contrário. Por vezes indispensável para cortar os enjoativos excessos, ou valorizar certas iguarias. O vinagre serve-se. Tem até uma versão “balsâmica”.

A violência psicológica que a Rita Ferro aqui nos traz, é um veneno terrível com uma pitada de anestésico, já que as vítimas se vão tornando mais e mais submissas e obedientes apesar das náuseas e diarreias. Chegam até a sofrer de privação se lhes tiram o “alimento venenoso”, na proporção do poder que outorgaram ao Chef que lhes serve as refeições, nem sempre com talheres de prata e vénia.

A cena do mosquito que diz à Gilda “veste-te e sai daqui” é quase hilária.
A Gilda é uma obra de arte e sabe o que vale. Vale Muito. Tem poder porque é dona de si própria. E dança! O mínimo que o mosquito poderá sentir é uma very exciting emotion. Pudera! Problema dele se não a sabe gerir.

Aquilo não é violência, é uma ceninha de ciúmes. Os homens atrapalham-se muito com mulheres de personalidade forte. Ficam estúpidos e “afracalhados”, desorientam-se. Ora uma relação desigual nunca é estimulante a não ser para um nazi. E qual é a mulher que quer viver num campo de concentração?

Sr. Soldado, Anónimo, Desconhecido e Raso, ser superior é estar à altura de viver com um lobo de Alsácia e não com um lulu. E eu tenho pena ou até algum desprezo pelas mulheres caniche.

O Sr. Soldado com esse feitio ainda se auto-mutila. Gangrenas, amputações, feridos de guerra… Credo!!!
Violinos, sim. Se quer dançar com a Gilda não lhe apareça coxo.



De Soldado de partida a 11 de Julho de 2009
Amargura, doçura, ceninhas de ciúmes, orgulho, obras de arte, nazis, mulheres caniche... são demasiados conceitos para alguém com uma mentalidade pragmática e que age em função de objectivos muito concretos. O soldado não quer dançar com a Gilda. A Gilda que fique com o seu palco, e o seu strip tease, e os homens enlouquecidos pelo desejo, e os jogos de poder, e as obras de arte. O soldado segue o lema do músico, no Ensaio, está preocupado em fazer, em cada momento, apenas o que lhe compete. «Sigam as notas, as notas salvam-nos», não era o que dizia o maestro?
Não se amofine, Fada Madrinha. A vida é curta, não vale a pena. Deixe que me despeça de si agora sem violência ou amargura, e num registo de esperança. Em vez de violinos deixo-lhe este «Wall-e»:
http://www.youtube.com/watch?v=UblUO0LjPUg
Até um dia!
De PERPLEXA a 15 de Julho de 2009
Então o Sr. Soldado partiu para a guerra? Ou vai partir? Pareceu-me um tom amargurado, ou mal disposto, mas com uma profissão dessas é absolutamente natural, assim como é natural a tal maneira de ser pragmática que invoca. Tem de ser. Isso de lidar com armas requer as suas cautelas e talvez não dê lugar a grandes fantasias, nem promove a imaginação. No entanto, se me permite, insisto que pode sempre mudar e libertar-se de tanto aperto. Quem sabe com o tempo… Depois de tantos presentes que agradeço comovida, gostaria também de lhe deixar aqui um, ainda sobre o tema algo polémico sobre relações conflituosas. Trata-se de um dos meus filmes referência que contém quase tudo quando de amor se trata. É bonito, os personagens também, a música idem, os cenários de sonho. Caramba!!! Até o cheiro, ou os aromas são estonteantes. A história de uma mulher que chega mal acompanhada e parte sozinha. E sozinha construiu pelo meio um pequeno universo exemplar. Teve nas mãos uma belíssima história de amor. Quase completa. Mas… Houve um mas. Uma frase do coração que esta cena retrata: There are some things in life worth having but they come with a price and I want to be one of them. Erro Grave. Atribuiu-se um preço e o amor Não Tem Preço. O dele que parecia mais desprendido era totalmente genuíno, era the kind of love we don’t have to prove… E o preço foi pago a meias. Ele morreu e ela percebeu : he was not ours, he was not mine. É que Ninguém é de Ninguém.
http :/ www.youtube.com /watch?v=rCFyFqsWZXs
Assim, para quê as violências? Até a terra a hostilizou e expulsou-a queimando-lhe a colheita… Quando há sentimentos, tudo tem de ser gratuito e incondicional. Como vê não tenho nada a ver com enlouquecimentos, nem strip tease. Não é preciso. Não quer repensar e convidar a Gilda para dançar? Vai ver que é bem melhor que seguir o lema do músico. Não siga lemas. Abra as asas e voe.
Fada Madrinha de Guerra
De Soldado [em trânsito] a 15 de Julho de 2009
Tem a certeza que se chama PERPLEXA? Não será antes XERAZADE? Eu gosto da Xerazade, mulher inteligente e corajosa, não a trocava nem por uma dúzia de Gildas... :-)

Há uns dias atrás, uns comentários mais acima, perguntei à Ping-Pong como é que se «perde» o outro, precisamente por entender que Ninguém é de Ninguém e se assim é, como é possível perder o que nunca se teve? Como viu, a Ping-Pong não me respondeu. Fiquei na mesma.
Resta-me, agora, o consolo de ter uma Fada Madrinha de Guerra que me compreende. Menos mal! Assim se vê o inestimável contributo da correspondência entre as Madrinhas e os Soldados para o esforço de guerra. Um beijo para si. Fique bem.

PS: «Que pasa» com a Rita Ferro? Tirou umas férias?
De Soldado [rectificando] a 15 de Julho de 2009
«Há uns dias atrás». Lá escrevi asneira... Pleonasmo, não é?

«São vícios da linguagem popular, erros comuns das chamadas «classes baixas». E hoje, como todos sabemos, não há doutorzecos «mal nascidos». Todos beberam chá em "piquenos".»
Cfr. aqui: http://ciberduvidas.sapo.pt/pelourinho.php?rid=162

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