Ok, ok, bilionário, sim, Denis Diderot era iluminista. E daí? O crássico que resumirei hoje para você é daqueles bons além da conta. Parece monótono, mas o que se encontra de filosofadas nele é impressionante. Tem uma parte nua e crua no romance: aquela em que Diderot diz que as pessoas não querem ver a maldade em si. Elas só querem assistir para ter o que contar na sua rua, no seu bairro. E é isso mesmo, não é? E é bom você só ler o resumo. Caso contrário, ficará muito puto da vida na hora em que a história começa a se desenvolver e o autor pára tudo e fica “viajando” (filosoficamente falando). Resumo:
Jacques fica contando pro seu amo suas aventuras e desventuras, e diz que tudo está escrito nas estrelas. Seu amo desacredita, mas acredita. E tenta contar suas histórias, também. Todas elas são bruscamente interrompidas pelo Diderot, para falar sobre seu processo de composição e avaliação das razões da história. Isto é, um grande “viajandão”, esse Diderot.
Com os inteléquitos não se deve esticar muito o assunto, já que a grande maioria esquerdista costuma romantizar os iluminados iluministas. Deixe que eles falem bastante e tasque: este romance antecipa o futuro distante do gênero. Dá um salto e tanto até às transgressões antificcionais (não sei mais se essa coisa tem hífen ou não), do romance de Samuel Beckett. (Um dia falo sobre ele, bilionário. Agora perderemos muito tempo. Não deixe que eles mudem de assunto para o Beckett, sim?) Eles ficarão impressionados com sua desenvoltura, pode acreditar. O fato de Diderot parar a narrativa e “viajar” vale um comentário seu. Diga que Diderot nada mais faz do que satirizar o apetite do leitor por contos românticos ou pelas emoções de uma aventura qualquer inverossímil. Diga que até há umas pitadas de emoção no romance. Mas assim estava escrito, como di z nosso Jacques. Afinal, a crise existencial pode e deve ser tratada como farsa de auto-expressão e contos de histórias. Matou a pau, bilionário. Já pule para outra rodinha para que os intelequituais não te encham o saco com seus (deles) problemas da existência. Isso seria fatal pra você desistir do cursinho básico que ministro por aqui.
Musiquinha para ouvir enquanto se aprende um pouco sobre Jacques. (Cuidado, não ouça muito alto e com muita freqüência, pois isto é muito, mas muito mesmo, danoso à sua saúde. Marie tem seus momentos cafonas, como bem sabem):
Sugiro a leitura da "Morgadinha dos Canaviais", talvez numa versão apimentada pelo Vilhena (desde que moderadamente, para não estragar a obra), em alternativa à audição, aliás interessantíssima, da peça comentada. Não me ocorre mais nada a esta hora do dia, prestes a tomar um pequeno almoço de cereais estaladiços, pelo menos enquanto o leite os não amolece...... tenho de me despachar!!!
O que eu aprendo aqui.... sucrilhos! E ainda querem implementar o acordo ortográfico (vocabulário não é ortografia, mas sempre é mais um argumento. lol)
Marie, você vai-se ferrar com os intelequituais. Eles vão achar este seu texto um pé no saco. (risada) Com estes seus pokets clássicos vai conseguir fazer do bilionário um cara legal e culto. Menina espertinha, hein? É que tornar os inteléquitos bilionários seria uma tarefa hercúlea. ;) A música? É cafona sim. (gargalhada)
Compartilho com a opinião dos intelequituais, Mike, querido. :)
Transformar os inteléquitos em bilionários até que não é uma tarefa tão difícil. Pelo meno aqui no Bananão. Cê tem que ver quantos ficaram com os bolsos forrados depois que o Lula, o ridículo, assumiu essa pocilga. ;)
Eu sou ridícula, mas essa música consegue se superar, né? ;)
Minha querida Marie, pois eu que, do Diderot, nem à enciclopédia me abalancei, gostei muito, como sempre, de galgar mais este degrau de uma escada que promete arrancar-me ao poço negro da minha ignorância. Mas como posso fazer, Marie, para ler tudo o que nos recomenda, se o meu consumo (ou assimilação) de livros está cada vez mais lento? Cada vez lhe dou mais horas, e cada vez me sinto mais na mesma? Como posso evitar o eminente desespero? ;-D
O pior, Aninha, é que essa músiqueta com a voz irritante da cantora ganhou um festival de música por aqui nos anos 1980. Bizarrices da década, né? :))))))
Na próxima música que eu postar com um pocket, prometo algo um pouco menos irritante. :)))))