pôr do sol (micro-conto)
fechou a porta, decidida; desceu as escadas, de alto a baixo; na rua, o frescor meigo do fim de tarde lambia-lhe o rosto. soltaria os cabelos ao vento, não fora estar praticamente careca.
o aniversário (micro-fábula)
era uma vez um namorado que não se lembrou; saiu do trabalho e encontrou o amigo no bar que cortava a esquina. a namorada fazia anos. era uma vez um namorado que não se lembrou; saiu do trabalho, entrou no carro, driblou o trânsito, ajeitou o cabelo, subiu as escadas, bateu. mas ela não abriu. moral da história: cabeças de vento, portas na cara.
provérbio aziático
casa assaltada, portas ao vento.
diálogos de latão
- ... queres um conselho? aborta do bento.
- é do joão, rita!
- maldita gripe. o blogue da ana!
Textos enviados por: Azia
A Porta
Vai e abre a porta.
Talvez lá fora haja
uma árvore, ou um bosque,
um jardim,
ou uma cidade mágica.
Vai e abre a porta.
Talvez haja um cão a vasculhar.
Talvez vejas uma cara,
ou um olho,
ou a imagem
de uma imagem.
Vai e abre a porta.
Se houver nevoeiro
dissipar-se-á.
Vai e abre a porta.
Mesmo que nada mais haja
que o tiquetaque da escuridão,
mesmo que nada mais haja
que o vento surdo,
mesmo que nada haja,
vai e abre a porta.
Pelo menos haverá uma corrente de ar.
Poema de Miroslav Holub, enviado por: Azia