Do excelente documentário de Patrick Jeudy que acabei de ver na RTP 2 sobre a vida e morte de Marilyn Monroe, retive um pormenor que me impressionou, por resumir e condensar em si toda a dimensão de uma tragédia: quando a explosão de popularidade começou a ameaçar seriamente a sua privacidade, para se proteger e preservá-la Marilyn dava sempre um número de telefone falso. Esse número era o da morgue de Los Angeles.
De Margarida Pereira a 29 de Novembro de 2008
Belíssimo documentário...
E pairando sobre arranha-céus cinzentos, palmeiras brilhantes e uma vida tão magoada, aquela soberba voz em francês, que ali ficava tão bem..., como se longínqua e terna, a palavra romanceada adoçasse o tão triste fim. A tão dolorida existência.
Se já sentia carinho pela Norma Jean, este vislumbre de outro prisma (via psicanalista) ainda me faz compreendê-la melhor; sentir mais o seu sofrimento tão prolongado.
Mais uma constatação de que por mais bonito o embrulho, o que importa é o que guarda lá dentro.
Às vezes são só sustos, mágoas, fantasmas e um desejo incontrolável de fim.
De Margarida Pereira a 29 de Novembro de 2008
... era bom que às vezes pudéssemos combinar assistir a algo e depois comentarmos todos... :)
Gostei muito de poder dizer isto aí em cima e - lá está - se não houvesse sintonia, não teria o mesmo reflexo.
Assim, foi como se tivéssemos visto o documentário juntas! Com chocolate quente e uma lareira suave.
Gostei mesmo muito do programa...
Momento houve em que me senti 'lá'. em que quase me ouvi a consolá-la.
em que me apeteceu abraça-la.
Muito.
Muito.
Linda, triste, perdida Norma Jean, criança dos céus...
Senti o mesmo, Margarida.
Marilyn (ou, mais correctamente, Norma Jean) tinha um ar tremendamente desprotegido e carente que nos fazia querer salvá-la da voracidade do mundo. Ou de si própria, talvez, já que toda a vida dela foi um ensaio geral para o fim trágico que a esperava.
Este episódio do número de telefone mostra bem isso, uma premonição cheia de um lúgubre significado.
Acho essa ideia engraçada, a de combinarmos ver alguma coisa e depois comentarmos. Por mim, alinho.
O documenário era excelente e vem repôr alguma justiça à memória d Marilyn, por muitos considerada uma actrisz "menor".
No final, retive-me durante bastante tempo a recordar uma canção que na juventude trauteava constantmente, sem perceber muito bem a razão:"I'm sorry".
De
Pedro a 29 de Novembro de 2008
Curioso, infelizmente não o vi, mas ainda hoje o meu pai falou-me dele. Fica para uma próxima.
Há-de passar outra vez, Pedro, a 2 repete imenso os programas.
De
JuliaML a 29 de Novembro de 2008
impressionante, realmente!
talvez ela tenha tido sempre pensamentos suicidas..
Segundo o seu psicanalista, teve-os desde muito cedo.
De
JuliaML a 30 de Novembro de 2008
eu não vi, Ana...e com muita pena...
também vi e achei curioso, Ana.
mas pode ter várias interpretações, menos mórbicas, como por exemplo: «não me chateies que eu não existo para ti.»
Sim, é verdade. Mas no caso de Marilyn não me parece que houvesse essa leveza de espírito, Luís. Tudo nela era trágico, ao contrário do que dava a entender o seu ar leve e fútil.
De Mialgia de Esforço a 30 de Novembro de 2008
Não vi o documentário, mas o comentário da Margarida vale por mil imagens. Grande Beijoca para Ela.
Pobre Norma Jean que apenas pretendia uma coisa que parece tão simples: ser feliz.
Eu com a minha mania da música julgo que este blues do Grande Albert King (disponível no YouTube) lhe assenta na perfeição:
Born under a bad sign
I was down since I began to crawl
If it wasn't for bad luck
I would have no luck at all
Assenta mesmo, Mialgia!
Se puder apanhar uma repetição do documentário, não perca. É mesmo muito bom, e redime uma figura trágica que muitos consideram apenas uma "tonta". Que não era, de todo. Era apenas profundamente infeliz, e a sedução (a beleza como arma) era uma forma de tentar agradar a qualquer preço, porque tudo o que queria era que gostassem dela. Parece tão simples, não é? E afinal pode ser tão difícil...
E no entanto...
...não seria o wishful thinking de não querer ser jamais encontrada nesse local pouco aprazível?
Diria o cínico o mesmo que de Bond se poderia tirar para o Lino Ministro: " Never say never again".
Beijinho
Infelizmente não o vi. Ignorava esse detalhe do telefone, tão revelador!
E tão premonitório, Teresa!
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